Você também poderá ouvir este episódio no podcast Caminhos da Reflexão.
Todo depressivo que se preza já sentiu (ou
sente) "vontade" de morrer. Entretanto, esse desejo é metafórico e
está intrinsecamente relacionado às nossas crenças.
O mal do século – a
depressão, parece ter chegado para ficar – e condenar. Instala-se no centro
nervoso, assim, como quem não quer nada, e percorre todos os labirintos neurológicos,
corroendo os sentimentos de otimismo e desafiando a imunidade. Age de tocaia,
permitindo um desânimo hoje, uma melancolia amanhã, e quando finalmente diagnosticada,
a doença já aniquilou boa parte das endorfinas, responsáveis pela sensação de
felicidade e bem-estar do indivíduo. Consequentemente, surge um intenso desejo
de autopunição: o de não merecer continuar vivendo.
Na realidade, vontade de morrer para um depressivo
tem o mesmo sentido de ruptura brusca do estado de ânimo que deteriora a mente,
o coração e a alma e que desencadeia seus transtornos emocionais, para se
transfigurar e voltar ao Éden, por exemplo, porque todas as nossas crenças nos
levam a entender que no Paraíso não há dores e nem sofrimento.
Portanto, ao experimentar ou afirmar esse anseio
irracional, o depressivo pretende transmitir que quer novamente se sentir digno
da própria vida.